Com pouco tempo disponível para deixar aqui a minha "conferência de imprensa" acerca da Bola de Ouro deste ano, colo aqui um texto do jornalista Luís Aguilar da revista Sábado, que espelha bem parte da minha opinião sobre a escolha. Só uma "parte", pois o jornalista não revela qual o vencedor na sua opinião, que a meu ver deveria ter sido Xavi.
por Luís Aguilar
"Podem ser jornalistas, jogadores, treinadores ou dirigentes. No final sentem todos o mesmo: ninguém entende os critérios da FIFA para a nomeação dos melhores do ano. Será pelo que se joga? Pelo que se ganha? Ou pela relação entre qualidade e títulos?
Por vezes mais parece que são as três ao mesmo tempo num sistema de preferências pessoais, sem lógica definida.
E este ano o problema até não esteve em quem ganhou, mas nos nomeados que estiveram quase a ganhar. Messi volta a ser Bola de Ouro. Até podia ser Xavi, que jogou toda a época no Barcelona e foi campeão do Mundo. Mas Messi é Messi e um título que lhe seja entregue nunca é mal dado. Pior é o caso de Iniesta. O que estava ele ali a fazer? É certo que tem futebol e condições para figurar entre os melhores, mas nunca numa temporada em que praticamente só jogou durante o Mundial (mesmo que tenha marcado o golo decisivo).
Então e Wesley Sneidjer? O génio holandês venceu tudo e chegou à final de África do Sul, mas a proeza não chegou para inscrever o seu nome nos três finalistas. Desonra ainda maior foi feita ao seu companheiro Diego Milito. Melhor jogador da Liga dos Campeões e autor dos dois golos da final com que o Inter bateu o Bayern Munique. Mesmo assim a FIFA deixou-o de fora dos 50 (?) melhores de 2010.
Pior decisão só em 2002. Ronaldo, o fenómeno brasileiro, esteve lesionado toda a época e apenas se apresentou em boa forma no Mundial da Ásia. Levantou a taça e foi o melhor marcador. Isso bastou para se superiorizar a Zidane, que nesse ano tinha ganho a Champions e a liga espanhola, aliando um futebol mágico – de época inteira – a ambas as conquistas. Roberto Carlos era seu companheiro de equipa, partilhou estes títulos com Zidane e foi campeão do Mundo ao lado de Ronaldo. Jogou sempre. Mas não podia ganhar porque era defesa. Tal como o italiano Fabio Canavarro (embora esse tenha sido Bola de Ouro em 2006, depois da Itália vencer o Mundial da Alemanha).
Como as injustiças com jogadores não bastavam, quase que se alargou o problema aos treinadores. Del Bosque: campeão do Mundo depois de um mês em que disputou sete jogos. José Mourinho: vencedor de três competições ao longo de uma temporada em que a sua equipa realizou 60 jogos oficiais. Até à última Del Bosque era dado como vencedor. No final, ganhou Mourinho porque só podia ganhar Mourinho. Outra decisão seria demasiado bizarra… até para o futebol.
PS – Na edição deste ano houve outro português com razões para sorrir. Pedro Pinto, jornalista da CNN, foi um dos apresentadores da gala. Esteve bem, mas não chega para ganhar a Bola de Ouro para melhor jornalista desportivo. Se tal prémio fosse atribuído, teria de ir para Sara Carbonero. Por ser espanhola e eles terem ficado a chuchar no dedo? Não! Por ser bem mais bonita do que o nosso Pedro."