terça-feira, 5 de agosto de 2008

Um ar demasiado condicionado

Regresso a casa na mítica carreira do 142, não muito cheia por ser o pico das férias de muita gente. Mal entro na camioneta e me sento, reparo no facto de a temperatura interior ser superior à do exterior, apesar do chegar do fim da tarde. Razão: ar condicionado da camioneta estragado, logo na altura mais crítica do ano, sendo que os únicos bocejos de ar fresco surgiam apenas quando a camioneta parava nas paragens, ou parados no sinal, quando o motorista abria a porta da frente.
Big deal... "não há ar condicionado, mas podemos abrir as janelas". Este foi o meu pensamento imediato. Errado. Camionetas mais sofisticadas, têm ar condicionado e (tecnicamente) não precisam de ter aquelas janelas como existe nos modelos mais antigos. Este deve ter sido muito provavelmente o pensamento de quem as construíu, ou mandou construir.
Esta simples situação deixou-me entretido a pensar sobre isso durante uma parte da viagem. A outra parte foi passada a contar as imensas gotas de suor que saíam dos meus braços.
De facto, quase sempre a evolução humana acaba por nos deixar de boca aberta, pelos avanços que ela nos fornece. Ar condicionado pode fazer mal, como está cientificamente comprovado, mas a verdade é que faz mal mas sabe bem quando nos sentimos confortáveis com a sua acção em nós. Dou o exemplo do ar condicionado porque foi o ponto de partida da reflexão. No entanto, a evolução atinge um patamar tão elevado de funcionalidade aliada ao ser mais prático e mais cómodo, que quem inventa novas tecnologias não conta com a necessidade de criar uma via alternativa. Temos o exemplo do ar condicionado, em que não há janelas que sirvam de alternativa ao ar condicionado estragado, mas também posso referir o caos que seria (será?!) se a gasolina e o gasóleo viverem uma crise idêntica à que aconteceu algumas semanas atrás. Como andarão os veículos? Até mesmo na escola vivemos este tipo de problema. A internet ajuda a realizar trabalhos sem ser preciso recorrer a um único livro de papel, mas isso faz com que um aluno dos dias de hoje tenha a obrigação de ter material de escrita, manuais escolares e... um computador. As matrículas são electrónicas e muitas plataformas de estudo são criadas, como é o caso dos famosos e-learnings ou webmails.
A camuflagem na qual a evolução se esconde é muito forte. Faz-nos crer quase sempre que encontra sempre resposta para tudo e que melhora o que já havia anteriormente, mas a principal desvantagem, é tirar o poder de reversibilidade e de criar alternativas ao Homem. Prezo aqueles que apostam no futuro, salvaguardando o que existiu no passado e através do qual conseguem construir o presente.

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