terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Papel na sociedade...Qual papel? O papel...

Nicolas Sarkozy é, como sabemos, o actual presidente francês. No entanto, grande parte do que ouvimos e lemos relacionado com ele, está pouco ou nada relacionado com o desempenho das suas funções como tal. Digamos que, fazendo uma comparação, podia chamar-se Pedrô Santanã Lopêz (os acentos são propositados para dar um certo charme da língua francesa).
O homem consegue aparecer permanentemente nas revistas cor de rosinha francesas, agora que anda na baila a sua relação e suposto casamento com a modelo Carla Bruni. Casou, não casou,... ofereceu um anel à Carlinha igual ao que havia dado anteriormente à ex-mulher. Enfim, uma infinidade de especulações que em nada têm, ou pelo menos não deviam ter a ver com a vida um chefe de estado.
Mas o homem também não deve bater bem da bola. Recordo aqui um vídeo (acho que já o coloquei anteriormente no meu blog) em que o presidente Sarkozy dá início a uma conferência de imprensa na sequência de uma reunião do G8, mais concretamente após um encontro com o seu homólogo russo, Vladimir Putin (que também deve ser pouco "fresco").

No passado sábado, Sarkozy resolveu aprontar mais uma das suas como tão bem nos tem habituado. Em visita a um Salão de Agricultura, Sarkozy envolveu-se numa breve discussão com um agricultor chamando-lhe "pobre imbecil", pelo facto de este recusar-se a cumprimentá-lo ao passo que dizia a seguinte frase: "Não me toque, você suja-me".

Mais tarde, em comunicado emitido pela presidência da Reública Francesa, Sarkozy refere que "ás vezes é difícil não responder a um insulto" e que "Só porque sou presidente não quer dizer que seja alguém em quem se pode limpar os pès".
Sr. Sócrates - reparem no meu cuidado a falar do nosso primeiro-ministro - tenha Sarkozy como um exemplo a não seguir. Os seus momentos de fama já lá foram, quando se julgava que você afinal não era o engenheiro Sócrates. Como podemos desconfiar das suas habilitações?! Daqui para a frente, apenas um conselho de amigo português: cuidado com a interacção com os poulares nos locais que visita, porque nem eu nem você está preparado para assitir a uma revolta civil. Vendo bem, há ainda muitos chefes de estado piores do que o nosso. Devemos dar-nos por contentes com o (pouco) que temos.

2 comentários:

so disse...

ve lá se tu n tás super informado sobre as revistas e depois eu é que sou viciada.:P

so

Anónimo disse...

Andava a vaguear nos blogs da malta pois ando com mais tempo para ver, rever e comentar. Parei no teu. Não comentei logo. Hoje volto e comento. Antes de mais dizer-te que gostei particularmente de um post antigo que fizest sobre os livros "os nossos melhores amigos" em que até falaste do "Sociologia" do Giddens.

Hoje, porém, dou-te os parabéns por esta frase: "Devemos dar-nos por contentes com o (pouco) que temos."
Pensei sinceramente que fosses anti-Sócrates convicto como a maioria do people que te rodeia :-P

No entanto, não é para isto que cá vim. Venho mesmo comentar a Sarkosyomania que invade não só a vida política francesa como a vida política europeia. De facto, Sarkosy é uma representação muito concreta de um menino bonito, daqueles da realeza. Com realeza quero mostrar que Sarkosy trasnporta uma inteligência superior à média, é um homem de convicções, é determinado, (demasiado liberal para o meu gosto) mas defende bem as suas ideias e perpetua constantemente o seu berço de ouro, de menino habituado, desde cedo, a ser lider, a ser da elite.Dificilmente se trava um animal desta espécie.

Daí que não me espantam os excessos de Sarkosy. Casar com uma modelo poderosa para se afirmar, aparecer completamente bebado à frente das camaras ou mandar à merda um pobre imbecil francês são atitudes que não me espantam quando falamos de um "bon-vivant", no fundo, de um homem formado desde o berço para ser da elite e que, por vezes, não consegue controlar as suas emoções e anseios cometendo "pequenos atentados políticos" para um Presidente da Republica.

Não nos esqueçamos no entanto, nós católicos, na perspectiva religiosa deste homem. Sarkosy parece estar a conferir mais poder à Igreja Católica no seio da sociedade francesa. Não deixa de ser curioso numa sociedade em que apenas 51% se confessa católico (mas só 7.5% pratica efectivamente).

Sarkosy: "uma moral laica corre o risco de se esgotar quando não está apoiada numa esperança que colmate a aspiração do homem ao infinito" (Courrier Internacional, Março 2008)

Embora também nós sejamos crentes, a questão da laicidade é sempre premente. Admito ser cristão, mas sou absolutamente laico. Para bem dos sistemas democráticos exijo a separação da espefa estatal da religiosa. Acredito que a religião pode contribuir para a coesão social, mas um Estado republicano e democrático tem que ser laico. Porque uma religião é uma autoridade moral que nós seguimos ou não. Um Estado é uma autoridade politica que regula as relações entre os homens, através do direito.

Sou laico, mas não deixo, ironicamente, de gostar de ver Sarkosy a puxar pela nossa Igreja ehehe

É um playboy, um bebado, um execrável mas muito religioso! E esta hein? lol

Grande abraço, Rui!

André Trindade