terça-feira, 17 de junho de 2008

"2 Nougats, 1 euro"

Todos nós conhecemos o "Velho do Restelo", dessa grande obra que são "Os Lusíadas" do nosso Camões. Se não o conhecermos daí, certamente já ouvimos muitas vezes alguém dizer:"pareces um Velho do Restelo!". Não por essa pessoa ter barbas, nem muito menos por viver ali para os lados de Belém. O Velho do Restelo simbolizava o cepticismo daqueles que, ao ver as naus partir da praia do Restelo, não acreditavam que Portugal fosses capaz de alcançar aquilo a que se comprometia alcançar.
Pois bem, hoje venho falar sobre o "Velho da Falagueira", não daquele que vê partir os barcos sem rumo, mas sim os autocarros. Porque os tempos mudam. Quem circula diariamente pelo metro da Falagueira certamente saberá de quem estou a falar. Um senhor que tem por hábito estar perto da 26 ao fim do dia a vender os seus chupas e nougats à porta do metro, ora dando passos para a esquera, ora para a direita, sempre com uma mão no bolso a chocalhar alguns trocos, e que eu, ao longo dos últimos meses estudei afincadamente, estando em crer que é sem dúvida um tique nervoso. Volta e meia, assiste-se a um desabafo com este e aquele, muitas vezes como poróprio motorista do autocarro, sobre o quão mal vai o mundo e aquilo que ele achava que devia acontecer para tudo isto levar um rumo melhor.
Não obstante o cansaço da faculdade ou simples moleza, oiço ainda as lamentações de apenas mais um eco do descontentamento. É o sermão do dia...

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