domingo, 2 de novembro de 2008

Frontalidades

"Todos diferentes, todos iguais". O Homem, como ser em permanente construção desde o seu nascimento até à morte, interage com o meio em que se encontra inserido e assim adquire uma identidade ímpar. Esta pequena definição daquilo que para mim é o Homem do ponto de vista social, é a casa de partida para este post.
A escola é certamente um dos "meios" mais diversificados que encontramos ao longo da nossa vida. Esta diversidade no grupo escolar, leva naturalmente à criação de sub-grupos escolares, os designados "o meu grupo de amigos" que dentro de uma turma se formam quase que naturalmente agregando pessoas que se identificam umas com as outras.
Desde o primeiro ano que a minha turma da escola vem vivendo uma situação algo delicada de rejeição e discriminação em relação a uma colega que não caíu no goto da grande maioria, por razões que a própria razão desconhece. Rejeição essa, da qual eu muitas vezes fui cúmplice, não por também apontar o dedo à colega, mas sim por agir quase sempre em conformismo com a posição da turma.
Mês e meio de aulas é tempo suficiente para duas professoras atentas e "batidas" no ensino repararem que há alguém que se encontra à margem. Uma conversa com uma delas, na intenção de descrever um possível caminho a tomar para melhorar as coisas, foi o motor de arranque para que as coisas mudassem. Ou que pelo menos se comece a fazer por isso. A semana passada foi o momento de dar o murro na mesa, que apesar de vir atrasado, nunca é indispensável. Juntamente com uma colega, iguaklmente sensível a este problema, decidimos falar separadamente com a colega visada, e depois com o resto da turma. Isto, sem o cruzamento dos intervenientes, pois se frontalidade era algo que até então nunca tinha havido, não iria ser esse o pretexto para se realizar um "julgamento" de 28 contra 1.
Dou graças a Deus, pela coragem que me deu para ser o mais frontal e directo que consegui, e que nos é caracteristicamente tão difícil. Foi estranhamente "fácil" conversar com a colega, tal como foi fácil perceber que ela não tinha noção de factos concretos que conduzissem à aversão da sua pessoa por parte dos outros. Na segunda parte da tarefa, tenho plena consciência de que fui duro nas palavras que dirigi à turma. Não sei se tinha esse direito, mas a verdade é que foi o explodir de uma necessidade que fui alimentando no tempo e que tinha necessariamente de ser "curto e recto".
Se as coisas vão ou não melhorar, só o tempo o dirá. Há a promessa de todos procurarem mudar a postura e, através de simples gestos, começar a reconstruir a relação com a colega. Para mim, já houve algo que mudou. Depois destas diligências, deixei de sentir o peso da impotência e isso deixa-me bastante agradado e confiante num ambiente escolar mais harmonioso e puro daqui para a frente.

"Ainda que eu fale a língua dos anjos, se não amo os meus irmãos, sou como um sino a ressoar."

1 comentário:

maio disse...

Estou orgulhosa da atitude pró-activa!

beijos